terça-feira, 1 de novembro de 2011

60" ENTREVISTA: Bigode


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"Penso que a Bigode 
acaba por transmitir a forma como 
vivemos o surf e o skate e a forma como queremos viver a vida. De forma simples, alegre e sem competição. Apenas numa 
boa onda, numa onda positiva, 
rodeados de amigos.
PAULO RIBEIRO [BIGODE]
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60" ENTREVISTA
 Para quem curtiu os boards da BIGODE (confira o post anterior), segue uma entrevista do 60POLEGADAS, com o designer/shaper Paulo Ribeiro, da dupla criativa portuguesa:


60" Quem está por trás do BIGODE?
BIGODE: Por trás de um grande bigode, está sempre um designer e um arquitecto. Para já, somos dois a tratar das encomendas. Paulo Ribeiro e Vasco Da.

60" Como tudo começou?
BIGODE: Começámos há cerca de um ano, com o objectivo de concretizar projectos para uso pessoal. Um candeeiro, uma mesa, uma alaia, um skate... Mas as ideias não paravam de chegar e a certa altura já tínhamos demasiados skates para uso pessoal, por isso decidimos "expor" os skates para o mundo inteiro, na net, e dar a oportunidade do pessoal comprar. Como o feedback tem sido positivo, agora já ninguém nos pára!

60" De onde buscam a inspiração? Quais suas referências estéticas fora do universo do skate e do surf?
BIGODE: A nossa base de inspiração é sem dúvida o surf. Mas a verdade é que é exactamente fora desse universo que as nossas ideias surgem. O mundo inteiro, o nosso dia-a-dia é a nossa inspiração, e quanto mais distante do universo do skate e surf, mais interessante se torna para nós. É a convergência de diferentes universos que procuramos colocar nos nossos trabalhos, de modo a conseguirmos criar algo que consiga quebrar com o tradicional.

60" Como é o processo criativo de vocês? Complicado em dobro ou duplamente mais fácil?
BIGODE: Acho que é duplamente mais fácil. Nós trabalhamos de forma independente, e sem criar regras durante o processo criativo. As ideias tanto vão surgindo quando vamos tomar um café ou em qualquer outro lugar. E em parte porque não temos pressão. Não temos que cumprir objectivo de vender, nem nada. Fazemos o que queremos. Por norma a parte difícil é convencer o material a aceitar as nossas regras!

60" Qual o maior desafio nos projetos dos boards da BIGODE?
BIGODE: O maior desafio sempre é conseguir criar algo de novo num universo que já está super explorado, como o skate, e ao mesmo tempo manter um nível de qualidade e performance das pranchas. Queremos sempre surpreender com os materiais que usamos, com os shapes, com os conceitos que aplicamos, com as pinturas, mas nem sempre o resultado final é aquele que tínhamos pensado, e temos que ir adaptando algumas coisas. Por isso, talvez o maior desafio seja conseguir o equilíbrio entre a criatividade e performance do skate.

60" Houve algum projeto que vocês desistiram por ser absurdamente inviável? Como era?
BIGODE: Ainda não desistimos, não! Quanto muito foram adiados um pouco. A maior parte das vezes temos que adiar projetos que envolvem materiais mais complexos ou muito dispendiosos. Mas não estão esquecidos, apenas estão à espera da altura certa.

60" Do quiver da BIGODE, qual o modelo preferido de cada um e por quê?
BIGODE: O meu é claramente o Porto Covo. Foi o meu primeiro... e o primeiro é sempre especial. É muito estável, com uma onda muito cool e é uma homenagem a uma região que eu gosto muito, aqui em Portugal. Esse é o meu preferido. Esse, e o que vem aí. O novo modelo, que eu ainda não sei bem qual é, mas vai ser lindo! O skate preferido do Vasco é o Door, apesar dele andar sempre no fish. Pela estética pouco comum e pela expectativa de ver se a tábua daria para rolar sem partir (e dá!) e também porque guardou várias portas durante anos até concretizar um projecto com elas.

60" Alguns boards da BIGODE trazem uma carga simbólica muito grande, quase que uma necessidade urgente de se comunicar, de se expressar. Vocês trabalham seus boards como uma possível midia?
BIGODE: Sim, mas talvez de forma inconsciente. Penso que a Bigode acaba por transmitir a forma como vivemos o surf e o skate e a forma como queremos viver a vida. De forma simples, alegre, sem competição, apenas numa boa onda, numa onda positiva, rodeados de amigos.

60" Há uma certa irreverência estética, surpresa criativa e bom humor presentes nos boards, tanto no uso de materiais quanto no próprio outline. Isso é uma questão de honra nos projetos ou é apenas uma coincidência serial?
BIGODE: Não é coincidência não, é mesmo uma questão de honra. É essa a essência da Bigode. Fazemos estas pranchas por prazer, e para nós é essencial trazer algo de novo e positivo. A maioria das pessoas reage com uma surpresa bem positiva aos nossos modelos. É isso que pretendemos e é isso que nos pode diferenciar.

60" Como vocês percebem esse movimento de valorização da produção em pequena escala e principalmente na relação mais próxima do rider com o shaper, tão comum ao universo do surf?
BIGODE: Penso que é uma evolução natural e bastante positiva. A fase de produção em massa foi essencial para que o skate e o surf pudessem chegar a mais gente e evoluir de forma radical. No entanto, cada vez mais há espaço para o objecto personalizado, pensado especificamente para quem o vai utilizar. Não somos todos iguais, por isso é natural que nem toda a gente queira um produto igual a todos os outros. Também nos gostamos de sentir especiais. Penso que no final acabamos por adicionar um valor sentimental grande ao objecto.

60" O que realmente importa em um longboard skate?
BIGODE: Ser divertido e rolar sem parar!!

60" Por fim, falem o que quiserem, desde que seja sobre moustaches!
BIGODE: Porque não um desafio ao pessoal e seguidores do 60POLEGADAS? Lancem ideias para um novo modelo bigode, exclusivo 60POLEGADAS. Dêem ideias para materiais, shapes, cores... Vale tudo!


Para mais informações sobre a BIGODE acessem o site oficial. 

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