sábado, 24 de julho de 2010

Plus ça change, plus c'est la même chose!

 
Esse é um velho ditado francês que diz algo como "quanto mais se muda, mais se é o mesmo. Será?! 

A história do skate está intimamente ligada à historia do surf. Em certos momentos, muito mais do que se imagina, pois sua relação com o surf não se restringe apenas no que diz respeito ao seu surgimento, mas vai muito além de sua origem, sobrepondo-se e misturando-se a ponto de influenciarem-se mutuamente. 
 
No final dos 50 e começo dos 60, com shapes que reproduziam o outline das pranchas de surf e com manobras inspiradas no que rolava na água, o skate já dividia com o surf, a popularidade entre a juventude da época. Porém, apesar desse primeiro boom, o skate ainda era tido muito mais como uma brincadeira da moda. 





 

Com rodas de argila, os primeiros skates ofereciam um grande risco de acidentes, dada sua baixa aderência. Então em meados de 65/66, o skate perde seu brilho e interesse entre os jovens. Chega a ser proibido em alguns lugares e quase desaparece para ressurgir novamente no início dos 70, mais precisamente em 72, quando o surfista californiano Frank Nasworthy lança suas inovadoras rodas de poliuretano as quais separam a primeira geração do skaters, dos irmãos Steve e Dave e de equipes como a Makaha, com a segunda geração marcada pelo surgimento e supremacia da Zephyr e seus garotos.
 
As conhecidas Cadillac Wheels, proporcionaram um ride com mais controle e velocidade, permitindo curvas mais cavadas com mais segurança. Com fôlego novo, o skate ganha novamente as ruas, como uma continuidade da experiência do surf nas longas tardes californianas.
 
É nessa época que os garotos de Dogtown sob a bandeira da Zephyr de Jeff Ho, Craig Stecyk e Skip Engblom, quebraram todos os paradigmas estabelecidos até então ao apresentarem uma nova forma de ride, muito mais solto e fluído, marcado por um baixo centro de gravidade, cujas curvas cavadas levavam o corpo rente ao chão, apoiado pelas mãos que também deslizavam percorrendo o asfalto. Daí para as piscinas foi um pulo. Aqui era fundada as bases do skate moderno e todo seu leque de modalidades tal qual as conhecemos hoje.
 
Embora esse novo estilo surgisse em meio aos escombros da decadente Dogtown, ele não vinha de Dogtown, mas sim do outside, da imagem inspiradora do surf enérgico e único do havaiano Larry Bertlemann. Neste mesmo período, as shortboards conquistavam seu espaço nas águas e caras como Larry Bertlemann selavam seu legado. Bert foi sem dúvida a grande referência para todos. Com seu ride radical, foi o grande responsável pelas transformacões técnicas e estilísticas que moldaram o surf e principalmente o skate contemporâneo. 


 














Segundo Peralta, inspirados por Bertlemann, eles passavam o tempo todo mandando seus Bertlemann Turns (Berts), e depois outro e outro, até a exaustão, pois não queriam simplesmente copiar seu estilo, “tudo o que nós queríamos no skateboard era parecer, e sentir e ser Larry Bertlemann”. Com uma declaração dessas, Peralta dá o tom da revolução no skate da qual fez parte e aponta sem exitar para quem ascendeu o molotov.
 
Bem, para quem já assistiu o documentário “Dogtown and Z-Boys” do senhor Peralta, até aqui nenhuma novidade a não ser pelo fato de que a história não é tão linear quanto parece ser. O visionário e viceral Larry Bertlemann também era um ávido skateboarder que sabia muito bem o que queria fazer e assim transpôs para o surf, todo seu repertório de truques que mandava no asfalto, conforme sua breve biografia comentada por Jason Borte
 
Quando poderíamos imaginar que as referências que determinaram seu inconfundível estilo dentro d’água vinham na realidade, de fora d’água! Como declarou o próprio Larry “anything is possible”
 


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